O termo internet das coisas é uma tradução direta de internet of things (IoT) que foi cunhado em 1999 por Kevin Ashton, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), quando escreveu o artigo As coisas da internet das coisas, Ashton observou, em 1999, que as pessoas têm rotinas cada vez mais intensas que implicam em uma escassez de tempo, surgindo a necessidade de se conectar à internet das maneiras mais distintas, simples, funcionais e com dispositivos já não convencionais, como os computadores mais tradicionais.
Em 1991, na Universidade de Cambridge, acadêmicos compartilhavam uma cafeteira onde eles trabalhavam. Pesquisadores que estavam alocados em andares inferiores ao da cafeteira ficavam decepcionados quando subiam até o andar da cafeteira e a encontravam vazia. Por isso, construíram um sistema que capturava três imagens da cafeteira em um minuto e as imagens eram transferidas para um computador que as disponibilizava na web. Assim, cada pesquisador poderia consultar a quantidade de café na cafeteira antes de se deslocar até o eletrodoméstico. Este pode ser considerado o primeiro exemplo da “Internet das Coisas”.
Durantes todos esses anos de estudos e pesquisa em internet das coisas, várias definições foram apresentadas. O nome composto por dois termos “internet” e “coisas” acabou gerando aparentes imprecisões em suas definições, já que dependendo do interesse do grupo envolvido nessa definição, a perspectiva abordada era orientada para o termo “internet”, ou para o termo “coisas”. Uma definição orientada às coisas é dada em [Dijkman et al. (2015)], “A internet das coisas é a conexão de objetos do mundo físico, equipados com sensores, atuadores e tecnologia de comunicação” . Entendemos a definição dada por [Gubbi et al. (2013)], como sendo a que de uma maneira técnica define melhor internet das coisas: “Internet das coisas é uma interação de objetos inteligentes e redes de comunicação inteligente, inclui ferramentas próprias de armazenamento, computação, visualização e interpretação de sistemas para análise de dados”.
No artigo Internet of Things: A Survey, de 2016 [Atzori et al. (2010)], os autores explicam que internet das coisas é composta por três componentes principais: ativos, redes e sistemas de computador. Vamos usar como exemplo uma rede de etiquetas inteligente de roupa que, entre outras coisas, percebe que sua peça de roupa está fora do seu setor por mais tempo que deveria. Todas as etiquetas que estão no setor se comunicam em uma rede mesh, que usa o protocolo RFID (identificação por radiofrequência) por exemplo. Neste cenário, os ativos são as etiquetas, a rede é um mesh com RFID e os sistemas podem identificar a peça que saiu do setor analisando os dados que trafegam nessa rede. Quando entendemos cada componente e a importância de cada um para a internet das coisas, percebemos que IoT só é possível graças a tecnologias como o RFID, WSN, Middleware, entre outras.
A internet das coisas veio pra ficar. Um estudo da Ericsson [Ericsson (2016)] aponta que a tecnologia irá superar a quantidade de smartphones conectados, chegando a 28 bilhões de dispositivos em 2021. O gigante da internet, o Google, já apresentou um novo sistema operacional, o Android Things, voltado para dispositivos com hardware mais simples, que têm pouco poder de processamento e pouca memória, como câmeras de segurança, roteadores domésticos e etc. Este é mais um passo para manter os dispositivos mais conectados. O Android já é utilizado por aproximadamente 2 bilhões de pessoas no mundo em seus smartphones e, por isso, não é surpresa a quantidade de apps que apresentam soluções de IoT para seu smartphone. Um exemplo simples, é a possibilidade de estender a tela do smartphone para a smart TV, apenas com o arrastar de um dedo.
Os desenvolvedores de app’s, fabricantes de equipamentos e provedores de serviços de internet podem encontrar na internet das coisas uma grande oportunidade de mercado. Estima-se aproximadamente 212 bilhões de objetos IoT implantados até o final de 2020 [Gantz and Reinsel (2012)] . Até 2022 o tráfego de máquina-para-máquina(M2M) irá compor 45% do fluxo de toda internet, além disso nos últimos 5 anos, o número de máquinas conectadas cresceram 300% [Manyika et al. (2013)]. Serviços baseados em IoT tem expandido cada vez mais , os setores de saúde e da indústria projetam maior impacto econômico. Aplicativos relacionados a saúde, como saúde móvel (m-Health) e telecare (Tele Atendimento), que permitam a prevenção, diagnóstico e tratamento de maneira remota por meios eletrônicos, podem gerar cerca de US$ 1,1 a US$ 2,5 trilhões em crescimento na economia global por ano até 2025 [Manyika et al. (2013)]. A figura figura mostra o impacto que cada mercado projetada nas aplicações de IoT [Manyika et al. (2013)].
Referências
- The internet of things: A survey.
- Luigi Atzori, Antonio Iera, and Giacomo Morabito.
- Business models for the internet of things. International Journal of Information Management.
- Remco M Dijkman, Bruno Sprenkels, Thijs Peeters, and Aiden Janssen.
- Internet of things (iot): A vision, architectural elements, and future directions. Future generation computer systems
- Jayavardhana Gubbi, Rajkumar Buyya, Slaven Marusic, and Marimuthu Palaniswami
- The internet of things: A survey. Computer networks.
- Luigi Atzori, Antonio Iera, and Giacomo Morabito.
- Ericsson. Internet of things to overtake mobile phones by 2018: Ericsson mobility report, 2016.
- The digital universe in 2020: Big data, bigger digital shadows, and biggest growth in the far east. IDC iView: IDC Analyze the future
- John Gantz and David Reinsel
- Disruptive technologies: Advances that will transform life, business, and the global economy
- James Manyika, Michael Chui, Jacques Bughin, Richard Dobbs, Peter Bisson, and Alex Marrs.